"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. "
(Shakespeare, Sonhos de Uma Noite de Verão)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Análise do livro didático

Escolhi o Livro "Tudo é Linguagem" de Ana Borgatto, Terezinha Bertin e Vera Marchezi da Editora Ática, por ser o livro que trabalho com meus alunos atualmente.
Do ponto de vista do estudo das variedades linguísticas, o livro nos mostra que a língua portuguesa não tem uma forma única e acabada. Que a escola ensina uma das variedades da língua considerada a "padrão", mas que existem outras variedades de língua cujo uso é influenciado por vários fatores: região em que o falante vive, situação em que é utilizada, faixa etária, nível de escolaridade e também a intenção. A forma como essas variedades são estudadas deixa claro que não deve haver o preconceito linguístico em relação aos diversos falantes de língua portuguesa.
Os textos são variados desde contos em prosa e em poesia, até mesmo notícias, textos instrucionais, diálogo argumentativo, história em quadrinhos, letras de músicas, além de estudo de gráficos, pinturas e fotos. A interpretação de tais textos instiga os alunos a pensarem sobre as questões e dialogarem sobre a possibilidade das respostas. Além de desenvolver a escrita dos alunos também têm propostas de atividades orais.
O livro também trabalha com a intertextualidade, pois ao mesmo tempo que coloca para os alunos uma "notícia, por exemplo", com toda sua forma de apresentação e linguagem própria, logo em seguida aparece uma "notícia em forma de poema", para mostrar que um gênero textual nem sempre aparece de forma única.
A gramática é contextualizada, ela é sempre estudada sobre o ponto de vista do texto e nunca em palavras soltas ou com exercícios repetitivos.
O livro é muito bem ilustrado com belas figuras e fotos que o tornam mais gostoso de ler e estudar. Logo ao final do volume encontramos as sugestões de filmes, canções e livros onde podemos buscar mais informações sobre cada assunto estudado.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Redação feita por um aluno em sala de aula




Em um de nossos encontros do curso, lembro-me quando fizemos a leitura do Texto: "Celulares, só faltam dominar o mundo" de Antônio Brás Constante. Percebi imediatamente que os alunos adorariam ouvir essa história, pois trata-se de um assunto atual e de que eles gostam muito, o celular e suas novas tecnologias.
Durante o 2º bimestre na escola CEF 08 de Taguatinga estava trabalhando com redação, quando refleti sobre qual tema usaria para despertar o interesse dos alunos. Levei para sala de aula a leitura desse texto e fizemos umas questões de interpretação nas primeiras aulas. Após as questões, debatemos o assunto. Enfim, para encerrarmos, fiz a seguinte proposta.
"Depois de ler o texto: Celulares, só faltam dominar o mundo", agora é a sua vez de soltar a imaginação. Conte uma história em que os celulares conseguiram dominar o mundo. Como os humanos sairiam dessa situação?
Abaixo apresento uma das histórias entre tantas outras criativas que li.

REDAÇÃO: OS CELULARES

Hoje dia 7 de junho de 3005, o celular conseguiu dominar o mundo, mas isso é uma longa história que vou contar agora.

Depois que nós humanos conseguimos fazer a AI (Inteligência Artificial) o celular, pegou muitas informações importantes. Ele comunicou com outro celular, que era de uma pessoa que construía robôs.

E fez com que os celulares tivessem acesso ao satélite para dominar os robôs, e com isso os robôs pegavam as pessoas e colocaram em cadeias e jaulas como prisioneiros.

O celular Chefe dava ordens para as pessoas brigarem entre si como na era antiga, até que uma pessoa fosse à morte.

Eles só não conseguiram me pegar porque estou em um lugar subterrâneo onde ninguém pode entrar, e estou construindo armas e carros fortes para combater as máquinas.

Finalmente terminei e eles estão quase me achando. Minha proposta é invadir o Gabinete do Presidente e desligar os robôs com isso vou ganhar tempo e destruir o satélite e os celulares.

Agora dia 9 de junho de 3005, vou sair do meu esconderijo e invadir!

- Droga tem muitos robôs e muitas pessoas mortas,

- Socorro! Socorro!........

Esta história foi reconstituída em fatos reais.

Tirada de um diário perdido em 9 de junho de 3005,
onde aconteceu a rebelião do celular.

Lucas Moraes Aluno da 6ª E do CEF 08

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Continuação das discussões sobre Gêneros e tipos textuais


Maria Luiza Monteiro Sales Coroa no fascículo 2 diz que "sempre que nos manifestamos linguisticamente, o fazemos por meio de textos mesmo que esses textos sejam tão curtos e simples quanto uma palavra ou tão longos e complexos quanto um livro de seiscentas páginas".
A partir dessas afirmações concluímos que em nosso meio, produzimos textos o tempo todo, quer sejam de forma escrita ou oral. De acordo com a finalidade e a situação fazemos escolhas para organizar nossas idéias. Portanto, o gênero textual é escolhido de acordo com a situação de comunicação.
E fazemos essa escolha quando já desenvolvemos a capacidade de uso da linguagem, com base no conhecimento de mundo que vamos adquirindo, portanto os gêneros são construções históricas e culturais. Logicamente que se compararmos as cartas formais de décadas atrás com os e-mails que hoje fazemos uso, perceberemos a necessidade da criação de novos gêneros textuais.
Os estudos sobre gêneros e tipos textuais nos despertam para uma questão: quantas vezes reprimimos nosso aluno dizendo que errou em uma produção textual, que não poderia escrever daquele jeito...e outros comentários que podem podar o aluno nas próximas atividades escritas.
O que me fez enxergar esse erro foram as propostas do fascículo 2 em Retratos de sala de aula. Confesso que antes de ler os três olhares de professor-pesquisador, consideraria as formas de escrever dos dois alunos como "equivocadas" e corrigiria os elementos coesivos, a maneira de escrever parecido com a fala e algo mais que parecia faltar nos textos. Quando Maria Luiza Monteiro Sales Coroa comenta que a escolha do gênero textual é coerente com a proposta de atividade "porque atende às finalidades sociocomunicativas", percebi que é preciso rever a forma de avaliarmos nossos alunos antes de fazê-los revisar um texto e corrigir possíveis erros. E antes de falar em escolha do gênero textual devemos saber que cada um tem um estilo na hora de produzir seu texto também, que corresponde "às marcas do usuário da língua".

Logicamente jamais esquecerei das lições desses dois últimos encontros: gêneros textuais são muito diversificados porque atendem à grande variedade de situações sociocomunicativas, já os tipos textuais são classificados em um número restrito e definidos por critérios linguísticos e formais, e como cada texto pode apresentar mais de um tipo textual, a classificação se dá pela predominância de cada tipo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Gêneros textuais e Produção Lingüística

Quanto mais pensamos que sabemos tudo e já não temos o que aprender, é que estamos enganados. A escola é sempre um aprender e reaprender. Nós professores estamos em constante aprendizado e é preciso sempre se atualizar, pois as mudanças no mundo de hoje são rápidas, precisamos aceitar as novas tecnologias em nossas vidas e fazer delas um grande suporte em sala de aula.
Digo isso porque hoje em nosso curso analisamos algumas colocações de Luiz Antônio Marcuschi sobre os "Gêneros Textuais e Produção Lingüística" e chegamos a conclusão de que muitos livros didáticos dão uma noção equivocada sobre gêneros textuais e tipos textuais. É preciso se atualizar, voltar a estudar temas que achamos serem de nosso total domínio.
O que sabemos é que os textos não são modelos estanques, ao contrário, eles mudam de forma, porque há interação. Exemplos claros são textos que possuem estrutura de poema, porém fazem uma narrativa, receitas em forma de poesia, narrativas com linguagem poética e outros mais.
Para Marcuschi, "tipos textuais são modos textuais, eles abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção; ou seja, é um conjunto limitado, sem tendência a aumentar."
Ainda segundo o mesmo autor, "os gêneros textuais são o textos concretizados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sócio-comunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. Como exemplos encontramos romance, bilhete, carta, receita culinária, piada, e-mail, notícia e outros."
Há muita controvérsia sobre considerar a linguagem de um e-mail ou de um bate-papo como um gênero textual. Muitos professores criticam esta linguagem, dizendo que ela veio para acabar com a Língua Portuguesa e que os alunos estão desaprendendo a gramática. É uma discussão que nos faz abrir os olhos, as mudanças estão acontecendo e precisamos aceitá-las. O problema é como trabalhar usando esse suporte de forma adequada. Precisamos fazer com que nossos alunos percebam que na escola, durante uma produção textual não poderão usar a linguagem da internet. Que a linguagem da internet se aproxima da linguagem oral para se tornar rápida e dinâmica, e seu uso é próprio para se comunicar virtualmente com as pessoas. Que na internet também encontramos textos para pesquisas e que esses textos devem ser analisados criticamente antes de serem colocados em trabalhos.
Acredito que antes de mais nada, nós professores é que precisamos aprender como lidar com as novas tecnologias para instruirmos nossos alunos. E se querem saber, nesse campo eles já tem muito a nos ensinar, é por isso, que hoje a escola é mais do que sempre foi um campo de ensino-aprendizagem, todos sempre têm algo a aprender e a ensinar.